História da Opel

1862 – 1898

Adam Opel teve uma ideia ousada. Inspirado por uma inovação que havia visto em Paris, decidiu fabricar máquinas de costura na sua Alemanha natal.

Em 1862, contando apenas 25 anos de idade, montou a sua "fábrica" num pequeno celeiro em Rüsselsheim/Meno. As suas máquinas de costura constituíam uma avançada tecnologia para a época, mas os louvores estiverem longe de ser unânimes. Os alfaiates locais receavam que as novas máquinas usurpassem os seus postos de trabalho.

As iniciais A e O, elegantemente entrelaçadas no centro dos pés da máquina em ferro fundido, tornaram-se no emblema da Opel. Em breve este viria a identificar todas as máquinas que compunham a gama rapidamente crescente da jovem empresa. Só no final do século as iniciais viriam a ser substituídas pela palavra "Opel".

O símbolo das duas letras poderá ter sido utilizado para identificar outros esforços da Opel. No Salão Automóvel de Frankfurt 1905 foi exposta uma versão modernizada do emblema.

Em 1886, à gama de produtos da próspera empresa de Adam Opel foram acrescentadas as bicicletas. Eram necessários novos emblemas para conferirem aos velocípedes uma seducação acrescida num mercado altamente competitivo.

Os nomes de marcas distintivos e a publicidade, em especial os anúncios que prometiam vantagens para o utilizador, tornavam-se ferramentas de marketing de importância vital. As jovens bonitas eram, obviamente, sempre um meio de chamar a atenção com êxito garantido. "A Vencedora", um poster criado em 1900, evidencia essa tendência.

Alguns dos modelos possuiam nomes glamorosos – como "Victoria Blitz", uma das bicicletas de corrida – sugerindo competição e velocidade. Curiosamente, porém, o nome "Blitz", embora muito popular em oitocentos, caiu no esquecimento logo após a viragem do século. Cerca de trinta anos mais tarde, veio a ganhar novo brilho.

1899 – 1909

Quando Adam Opel morreu, em 1895, os seus cinco filhos faziam planos para fabricar automóveis – convictos que estavam de que as novas "carruagens sem cavalos" eram o futuro do transporte. E em 1899, saía dos portões da fábrica de Rüsselsheim um espantoso novo "Opel Patent-Motorwagen System Lutzmann".

Contudo, a cooperação com o designer técnico Lutzmann viria a durar apenas dois anos, quando se tornou evidente que os construtores competitivos tinham de estar na vanguarda tecnológica. Um novo mas efémero acordo de produção sob licença com o construtor francês Daracq teve como fruto o "Opel Darracq Motorwagen" em 1901.

No Outono de 1902, os irmãos Opel estavam prontos a trabalhar autonomamente, criando o "Opel Motorwagen 10/12 PS Tonneau". Este primeiro Opel "genuíno" ostentava um símbolo oval na grelha do radiador.

Nos primeiros anos do novo século, as fábricas Opel em Rüsselsheim cresceram e prosperaram. A sua direcção empreendedora lançou uma gama de motorizadas; os engenheiros da Opel desenvolveram um novo motor de 4 cilindros em 1903; em 1906 abriu uma filial Opel em Berlim. Nesse mesmo ano, o 1000º automóvel Opel saíu das "Automobilwerke" de Rüsselsheim – um complexo que empregava 2000 pessoas.

A Era da Tecnologia chegara, desafiando não apenas os engenheiros industriais mas também os artistas e designers que se apressavam a aderir ao recente estilo Art Nouveau. Os emblemas utilizados para os diferentes modelos Opel dessa época reflectem muita da "emoção" que os designers gráficos de hoje se esforçam por alcançar.

A parada de emblemas artisticamente desenhados mas altamente díspares produzidos na primeira década do século apresentava apenas o nome Opel – reflectindo o crescente reconhecimento e prestígio da empresa.

No ano de 1909, assistiu-se ao lançamento do "Doktorwagen", um automóvel que rapidamente conquistou popularidade no seio da profissão médica, A grelha ostentava a assinatura em estilo floreado – num contraste vívido com as austeras letras de imprensa de um poster ilustrando um landau Opel atravessando os Alpes.

1910 – 1936

Enquanto o número de formatos, tamanhos e cores dos emblemas Opel continuava a multiplicar-se, Wilhelm Opel decidiu criar um novo emblema que pudesse servir de assinatura estandardizada para a empresa e seus produtos.

Diz a tradição que o Grão-Duque de Hesse, com o qual os irmãos Opel mantiveram um estreita relação ao longo de anos, foi o criador do "Olho Opel" – em que o nome Opel era enquadrado por folhagem entrelaçada, com pequenos triângulos nos cantos.

De então em diante, este emblema passou a estar presente em todos os automóveis Opel e nas comunicações da Empresa. Um exemplo: "Mein Puppchen" ("Meu bonequinho") de uma edição de 1914 da revista "Elegante Welt".

Os êxitos sucediam-se. Em 1912, a Opel anunciou orgulhosamente o seu automóvel número 10.000. No ano seguinte, os engenheiros da Opel criaram um automóvel de corrida propulsionado por motor de 4 cilindros/16 válvulas com árvore de cames à cabeça. Em 1914, a Opel estava a caminho de se tornar no maior construtor alemão.

Em 1916 surgiu o primeiro motor de 6 cilindros da Opel, com cilindrada de 4,7 lirtros . Em 1919, foi inaugurado em Rüsselsheim um terreno de ensaios com pista. Cinco anos mais tarde, a Opel tornou-se na primeira empresa da Europa a introduzir a produção em linha de montagem, reduzindo significativamente os custos e tornando os automóveis mais acessíveis.

Os irmãos Opelpropulsionado a foguetes, Fritz von Opel construiu um veículo de ensaio propulsionado por foguetes, o famoso RAK2, que pilotou em 1928 à velocidade estonteante de 238 km/h – um novo record mundial.

Porém, no anos 20, em que o mercado se viu inundado de produtos de baixo preço, os construtores automóveis alemães viram os seus lucros diminuirem. A Opel vendeu 80 por cento das suas acções à General Motors em 1929, e os restantes 20% dois anos mais tarde.

O símbolo do Olho Opel sofreu uma série de revisões ao longo dos anos, visando torná-lo mais moderno e conferir-lhe um maior impacte. Os caracteres tornaram-se mais acentuados, a folhagem deu origem a linhas sólidas, os triângulos de ambos os lados desapareceram. Na sua versão actualizada, o logotipo sobreviveu até 1934.

Em meados da década de trinta, a identificação estandardizada da empresa e dos seus modelos já não era suficiente. O progresso tecnológico aliado a uma nova visão do design moderno exigia novos símbolos. E estavam a ser lançados novos e importantes modelos:


O lendário Opel P4 ("O fiável") em 1935, ao preço sensacionalmente baixo de 1650 marcos reais.
O Opel Olympia, em 1935, o primeiro automóvel do mundo com carroçaria de aço unitária para maior conforto dos ocupantes, um marco no design automóvel.
O tipo de letra utilizado no emblema oval foi simplificado por forma a reflectir o estilo contemporâneo. Os ornamentos do radiador tinham a configuração de um zepelim – outra aventura no progresso tecnológico.

1937 – 1940

Embora o símbolo do zepelim desempenhasse uma dupla função, identificando a empresa Opel e os seus produtos, era demasiado inovador para assegurar uma associação imediata. O nome Opel foi, pois, acrescentado à parte superior do anel, criando um logotipo que apareceu pela primeira vez no Salão de Automóveis e Motorizadas de Berlim 1938. Até 1939, o zepelim foi modificado várias vezes por forma a torná-lo mais esguio e dinâmico.

Na publicidade impressa, a assinatura Opel consistia sobretudo no nome Opel em grandes letras maiúsculas. O slogan "o fiável", inicialmente limitado ao Opel P4 de 1935 foi gradualmente aplicado a toda a gama Opel. O nome Opel manteve-se ligado ao símbolo do zepelim, para imediato reconhecimento da marca.

Em 1939, a Opel era o maior construtor automóvel da Europa, com mais de 25.000 empregados. No ano seguinte, quando se suspendeu a produção automóvel para uso particular, a Opel produziu o seu milionésimo automóvel.

1947-1964

Em 1947, os primeiros automóveis a saírem da fábrica danificada pela guerra (só em 1950 esta seria completamente reconstruída) eram baseados no modelo Olympia do pré-guerra. Ostentavam os mesmos emblemas de identificação utilizados até 1940.

O emblema do zepelim em breve seria de tal modo modificado que dificilmente se podiam reconhecer semelhanças com a famosa aeronave. Em qualquer dos casos, o zepelim já não representava a inovação técnica ou a liberdade individual.

Para simbolizar a velocidade, foi acrescentada uma barbatana ao zepelim, transformando-o num torpedo ou, tal como era popularmente conhecido, num "cigarro voador".

No princípio da década de cinquenta, os aviões tinham suplantado as aeronaves enquanto símbolos de progresso. Assim, para o lançamento do novo Olympia Rekord, haveria melhor associação do que a maravilha técnica dessa época – o Super Constellation intercontinental. Um slide cinematográfico mostrando o novo Opel junto do grande avião tinha por título "Sob o signo do progresso".

O visual dos automóveis tinha sofrido uma transformação, deixando de apresentar linhas algo ponteagudas para passarem a ostentar uma forma mais moderna de caixa. A produção anual na fábrica de Rüsselsheim aumentou para 100.000 automóveis, em 1953, uma produção que tinha sido realizada pela última vez em 1935.

Acompanhando estes avanços, o anel circular do emblema do zepelim tomou a forma oval e a barbatana foi reduzida para sugerir uma velocidade mais elevada.

Nos Anos Sessenta, novas tentativas de conferir um desenho mais aerodinâmico ao símbolo da marca levaram à colocação de uma forma dentro do círculo que não era nem um zepelim nem um torpedo nem um cigarro voador. Nunca formalmente definido, fazia lembrar a ponta de uma seta ou talvez uma espécie de raio. De qualquer modo, provou ser o ilustre antepassado do moderno "Blitz" (raio) da Opel. Apareceu nos novos Rekord e Kadett da série A, este último fabricado na nova fábrica de Bochum.

História do "raio", 1930 – 1964

Mas antes de prosseguirmos a nossa crónica, recuemos alguns anos para apreciarmos a evolução do famoso símbolo do raio da marca Opel.

Como vimos atrás, a Opel utilizou a palavra "Blitz" (raio) no início do século como designação de algumas das suas bicicletas de competição – tendo aquela posteriormente caído em desuso no vocabulário institucional.

Foi finalmente "ressuscitada" em 1930, com o advento da nova "camioneta rápida", um veículo de 2,5 toneladas propulsionado por um motor de 3,5 litros com 6 cilindros. Dentro da tradicional oval da Opel, o "i" de Blitz era transformado num raio. O símbolo aparecia na grelha do radiador da camioneta e em ambas as portas. Para o distinguir do símbolo dos automóveis de passageiros, as curvas superior e inferior da oval tinham um formato diferente.

Em 1931, a Opel criou uma Escola de Serviço ao Cliente destinada a formar mecânicos da rede de concessionários Opel – sendo o primeiro construtor alemão a dar este passo decisivo para assegurar a manutenção da qualidade.

Ao longo dos anos seguintes, o símbolo do Raio e o nome "Opel Blitz" foram adoptados na ampla gama de veículos comerciais da empresa, incluindo os veículos com carroçarias especiais.

Pelo ano de 1936, tanto os autocarros como as camionetas Opel traziam a identificação Blitz colocada em duas linhas para fazer lembrar um raio. A oval alada foi abandonada. O tipo tipográfico serif do Opel Blitz, muito moderno nos anos trinta, simbolizava solidez e fiabilidade – virtudes que se somavam à popularidade de toda a linha de modelos Opel.

A famosa camioneta de 3 toneladas Blitz Type S foi vendida em grandes quantidades para satisfazer as necessidades da crescente economia alemã. Os robustos veículos eram capazes de desempenhar qualquer tarefa, na estrada e fora desta, de acordo com este poster.

Com o retomar da produção de camiões e autocarros em 1946 (a produção de automóveis ligeiros sê-lo-ia em 1947), fez-se reviver a identificação do pré-guerra. Nos camiões destinados a exportação, porém, as faixas em forma de raio com o logotipo Opel Blitz eram substituídas por um "Opel" sem adornos. A palavra "Blitz" tinha demasiadas conotações desagradáveis do tempo da guerra.

Após 1952, contudo, os capots dos veículos passaram a apresentar um grande raio despido de qualquer outro adorno. Por baixo deste aparecia a palavra Opel em grandes letras cromadas, iguais às que identificavam muitas marcas automóveis daquele tempo.

1964 – 1999

No final da década de cinquenta, o raio foi circunscrito com um anel, um design para autocarros e camiões que perdurou até 1972. Nesse ano, a Opel decidiu pôr fim à sua produção própria de veículos comerciais e iniciar a distribuição da gama de pequenos furgões produzidos pela Bedford, subsidiária da Vauxhall no Reino Unido (a Vauxhall faz parte da General Motors Corporation desde 1925).

Uma vez que o emblema dos automóveis ligeiros tinha evoluído do "cigarro voador" para a ponta de seta assemelhada a um raio, havia razões muito fortes para consolidar a identificação de todos os veículos num único emblema. Com início no ano de modelos 1964, os automóveis ligeiros e veículos comerciais começaram a ostentar o emblema do raio dentro do anel. O zepelim de 1937 tinha evoluído para uma identidade de marca distintitva que comunica força, modernidade, competência técnica, elegância e dinamismo.

A assinatura em toda a comunicação institucional passou a incluir um quadrado com a palavra Opel em letras grandes e um pequeno raio por baixo. As palavras "der Zuverlässige" (o fiável) tinham-se tornado sinónimo da Opel.

O raio havia-se transformado no símbolo da marca mas – pelo menos até aos anos oitenta – aparecia nas mais variadas formas e tamanhos. Em função do veículo ou da aplicação, os pontos variavam em extensão ou forma. Havia vários graus de ênfase. O ângulo do raio mudou várias vezes, tendo como resultado diversos "pesos à cintura".

Embora por vezes reflectissem o desejo dos designers de fazer o que lhes apetecia, estas variações tinham também um lado positivo. Podem ser vistas como tentativas por parte dos designers e responsáveis de marketing da Opel de acompanharem um mercado automóvel em rápido crescimento e de darem satisfação às expectativas dos consumidores no sentido de tudo o que é novidade. Esta foi, efectivamente, a força impulsionadora subjacente à criação do lendário Opel GT, saudado como "A melhor coisa a seguir a voar".

Em qualquer dos casos, a Opel continuava a trilhar a senda do progresso. Em 1971, produzia o seu veículo dez milhões. E no ano seguinte, com uma quota de mercado de 20,4%, a Opel tornou-se na primeira marca automóvel da Alemanha.

A utilização de duas assinaturas Opel diferentes manteve-se durante grande parte deste último período. A identificação do produto apresentava um raio cromado em diversos estilos na grelha do radiador e a palavra Opel em caracteres expandidos na tampa da mala. A identificação da empresa ou do concessionário consistia num quadrado amarelo com o raio em bold e a palavra Opel em caracteres serif por baixo.

A escolha do amarelho e do branco como cores institucionais da Opel remonta a 1937. Após a guerra, a combinação começou por identificar as concessões Opel e as Oficinas autorizadas. No final da década de setenta e princípio da de oitenta, contudo, o amarelo e o preto passaram a ser as cores dominantes nas concessões. O logotipo quadrado e a barra amarela constituíam a identificação facilmente reconhecível dos concessionários.

O novo modelo Kadett lançado em 1984, com o seu design moderno e distintivo foi eleito "Carro do Ano 1985".

Em 1987, foi introduzido um novo design institucional, visando revitalizar a identidade e imagem da Opel. O pesado anel com o raio foi adelgaçado e o logotipo Opel modernizado. O branco tornou-se na cor base do esquema de cores institucional. O logotipo quadrado adquiriu um visual mais fresco e atraente. O raio utilizado na identificação dos automóveis foi embutido num disco acrílico preto por forma a evidenciar o prestígio e a percepção de qualidade.

O amplo esforço foi apoiado pelo lançamento de um importante programa de patrocínios desportivos, que incluiu estrelas do ténis como Steffi Graf, grandes acontecimentos como a Taça Davis e grandes equipas de futebol como o Bayern de Munique.

Em 1987, o novo Opel Omega – que veio render o lendário Opel Rekord – foi eleito "Carro do Ano". Tratou-se de uma sequência prestigiante às honras com que se havia distinguido o novo Kadett dois anos antes.

No final da década de oitenta, conseguiu-se finalmente uma identificação coerente. O logotipo do quadrado branco e amarelo na banda amarela, que identificava os concessionários Opel em todo o mundo, foi substituída por uma assinatura Opel. Até essa altura, essa assinatura tinha sido exclusivamente utilizada pela própria empresa (a palavra Opel seguida do raio é considerada como uma única unidade). Pela primeira vez, a Empresa e a sua rede de concessionários utilizavam os mesmos elementos de identificação.

Hoje, os veículos ostentam o raio cromado à frente e atrás, reflectindo a competência técnica e a constante procura de inovação por parte da Empresa. Na mesma altura, este elegante tratamento do design sublinha a capacidade da Opel para proporcionar aos clientes uma excelente relação qualidade/preço. A nova e emocionante minivan Zafira, lançada em 1999 e o Speedster são exemplos marcantes desta filosofia centrada no cliente – testada e comprovada ao longo de 100 anos."